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Saiba tudo sobre os motores a Diesel

Glauco Diniz Duarte
Glauco Diniz Duarte

Porque é que, para a mesma potência, os motores diesel têm de ter mais cilindrada que as versões a gasolina?
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, hoje em dia já não é bem assim. A injeção direta juntamente com as novas tecnologias, como as 16 válvulas, o “common rail” ou o turbocompressor de geometria variável, permitem que as potências para diferentes motores com a mesma cilindrada sejam muito idênticas. Um dos exemplos mais recentes é o motor 2.0 litros da BMW que juntando a injeção direta, 16 válvulas, bomba de injeção de alta pressão e turbocompressor de geometria variável consegue extrair 136 CV de um motor de 4 cilindros. Muitos motores a gasolina, com esta cilindrada, reivindicam a mesma potência.

Os motores diesel são mais ruidosos. Porquê?
Glauco diz que não é nenhum segredo que o motor diesel é mais ruidoso que o motor a gasolina. Isso deve-se às altas taxas de compressão e ao princípio de funcionamento dos diesel que provoca um rápido aumento da pressão, fonte de deformações e vibrações.

O gasóleo polui mais ou menos que a gasolina?
Glauco explica que ainda que inicialmente se considerasse a utilização do gasóleo mais prejudicial que a gasolina, a verdade é que os gases de escape provenientes da combustão do gasóleo são três vezes menos perigosos que os gases gerados por um motor a gasolina. O endurecimento das normas anti-poluição tornou obrigatória a utilização do catalisador em todos os carros a gasolina desde 1 de Janeiro de 1993 mas os motores diesel ainda não precisam de usar este elemento por se encontrarem dentro dos limites estabelecidos. De qualquer forma, alguns construtores já estão a aplicar catalisadores nos seus motores a gasóleo para reduzir as emissões.As partículas provenientes dos aldeídos e os sulfatos, devidas à presença de enxofre no gasóleo, são as emissões mais perigosas nos diesel e que dependem em grande parte da qualidade do combustível. Daí que muitas petrolíferas estejam a usar aditivos no gasóleo para neutralizar sensivelmente a produção dessas partículas. A otimização da combustão, o aperfeiçoamento dos sistemas de injeção e a recirculação do gases de escape, são alguns aspectos que reduzem ainda mais as emissões dos diesel e o tornam num motor mais limpo.

Quem criou o “Common rail”? E quem aplicou as 16 válvulas nos diesel?
Segundo Glauco, o sistema “Common rail” começou por ser desenvolvido pela Fiat que o aplicou pela primeira vez no modelo Croma. Mais tarde viria a ser aperfeiçoado pela Bosch e hoje há muitas marcas que o usam nas suas motorizações mais recentes, como é o caso das versões JTD do grupo Fiat ou nos novos motores HDI do grupo PSA. Quanto às dezesseis válvulas elas são mais recentes nos diesel, tendo sido a Opel a marca que principiou a utilizar esta tecnologia, juntamente com a injeção direta. Interessa, no entanto, esclarecer que as três válvulas por cilindro já eram utilizadas, nomeadamente em motores diesel de injeção indireta. Um exemplo ainda atual é o motor 2.2 dT da Renault Espace. A vantagem das quatro válvulas por cilindro é aumentar o rendimento volumétrico e facilitar a respiração do motor nos altos regimes.

Os motores a gasolina foram perdendo os turbocompressores e os diesel investiram tudo neles. Porquê?
Glauco destaca que a potência específica do motor diesel deu um salto importante com a utilização do turbocompressor, já que este tipo de motorização se presta à sobrealimentação: aumenta–se o rendimento sem que o consumo suba significativamente, ao contrário do que acontecia antigamente com os motores a gasolina. Hoje, a associação do turbocompressor com as 16 válvulas em alguns motores a gasolina atinge os mesmos objetivos. Por natureza, o motor diesel trabalha com excesso de ar, para que a combustão ar/combustível se possa fazer. O turbocompressor, ao aumentar a quantidade de ar no interior dos cilindros, revela-se bem adaptado a essa característica, garantindo um ganho de potência sem ter de aumentar a cilindrada. O turbo e a injeção direta são os principais responsáveis pelo aumento das prestações destes motores que, nalguns casos, superam as prestações dos motores a gasolina com a mesma potência.

Todos os motores diesel têm catalisador? Não. O diesel é basicamente mais ecológico que o motor de gasolina, que já beneficia da conversão catalítica. Contudo, é natural que dentro de poucos anos, com a escalada de potência nos motores diesel, existam técnicas de descontaminação para os veículos diesel. Prevê-se, por isso, o uso generalizado dos catalisadores “Dénox”, juntamente com os filtros de partículas.

Os motores diesel duram mais?
A taxa de compressão mais elevada dos motores diesel requer uma construção robusta para o bloco, cambota, cabeça, êmbolos e muitas outras peças para resistirem melhor ás altas pressões geradas dentro dos cilindros. Além disso, a combustão num motor diesel é mais lenta e os regimes de funcionamento são um pouco mais baixos o que minimiza os desgastes. Não se estranha, por isso, que um motor diesel moderno possa fazer 250 ou 300 mil quilômetros sem grandes problemas.

Com o aumento das tecnologias e da potência, será que os novos diesel continuam a ser mais resistentes e fiáveis que os motores a gasolina?
Para Glauco, o aumento da potência obriga a reformular alguns componentes que, para além de terem de suportar fortes pressões internas, têm de resistir aos maiores regimes de funcionamento dos diesel em relação ao passado. O recursos a materiais mais resistentes, como o alumínio a cerâmica ou o magnésio, tem permitido que os motores diesel não tenham perdido essa característica. E a prova disso é que um motor diesel continua a ter um período de vida útil mais longo e índices de fiabilidade mais adequados.

Nos dias de hoje, ainda é muito problemático deixar um motor diesel sem gasóleo?
Não, embora seja aconselhável que isso não aconteça devido ao maior número de impurezas que se encontram suspensas no gasóleo. Estas podem causar danos aos injetores, especialmente os mais modernos onde os orifícios são extraordinariamente finos para pulverizar o gasóleo quando este entra na pré-câmara (injeção indireta) ou na câmara nos motores de injeção direta.

Porque são mais caros os modelos diesel?
Entre os inconvenientes dos modelos diesel encontra-se geralmente o seu preço mais elevado, quando comparado com o seu homólogo a gasolina. Esta circunstância deve-se a vários motivos sendo de destacar a inflação de preços de alguns elementos (como os sistemas de injeção), materiais mais resistentes, equipamentos elétricos mais fiáveis (de forma a suportar pressões mais elevadas, maiores vibrações, etc.) e, por fim, ao fato da adaptação do motor diesel ao veículo exigir um grande estudo.

Numa potencial compra, entre as opções diesel e gasolina, como avaliar qual a mais vantajosa?
Do ponto de vista econômico, explica Glauco, para sabermos até que ponto é que a opção diesel é vantajosa devemos calcular o chamado ponto de equilíbrio. Este indicador fornece-nos o número de quilômetros que é necessário percorrer para amortizar a diferença de preço entre um modelo diesel e outro a gasolina. Por exemplo, se o ponto de equilíbrio for de 18 mil quilômetros e percorrermos 25 mil quilômetros por ano, significa que o investimento é compensador, porquanto conseguimos amortizar a diferença em menos de um ano. Quanto menor for a diferença de preço e menor o consumo mais vantajoso se torna comprar um carro a diesel.

Na revenda, qual é o nível de desvalorização de um carro a diesel?
A sua fama de carros mais robustos, fiáveis e econômicos favorece os valores de retoma, razão pela qual a sua desvalorização é mais pequena quando comparados com os modelos a gasolina. Assim, em média, enquanto a desvalorização anual de um carro a gasolina é de 15 a 20 por cento, um diesel desvaloriza entre 8 a 10 por cento.

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