
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, perda de potência, emissão de fumaça preta ou branca, ruídos e consumo excessivo de combustível são os principais sintomas que indicam eventuais falhas no sistema de turboalimentação. Ao escutar alguma dessas reclamações de um clientes, no entanto, é melhor ficar atento, pois esses mesmos sinais, na maioria das vezes, representam problemas no motor, e todo conjunto deve ser analisado antes de remover um turbo.
Segundo Glauco, o item é composto por uma turbina e um compressor de ar rotativo, dispostos em cada extremidade de um eixo. Os rotores do compressor e da turbina estão dispostos em carcaças e seu funcionamento é acionado pelos gases de escape, que giram a turbina quente e por meio do eixo movimenta o rotor de compressão, que aspira o ar e o comprime para dentro da câmara de combustão, aumentando a potência e torque do motor.
“O turbo não tem desgaste e não quebra sozinho, se as manutenções no motor, como troca de óleo e filtros, e a utilização de combustível de qualidade, forem realizadas rigorosamente de acordo com o manual do fabricante. Uma quebra pode ser provocada por sujeira nos filtros, bomba injetora desregulada, óleo lubrificante vencido, entrada de pedaços do coletor de escape ou até restos de componentes, porcas e parafusos”, explica Glauco.
O funcionamento do turbo depende dos gases de escape, que giram a turbina do ar aspirado e comprimido, e do óleo de lubrificação e refrigeração dos mancais flutuantes e do eixo giratório. O óleo é um elemento muito importante na conservação do turbo e pode acarretar problemas, por isso o mecânico deve verificar se há falta de lubrificação ou se há contaminação, deterioração e oxidação do óleo, além de procurar falhas no sistema de filtragem e vazamentos.
De acordo com Glauco, um turbo foi desenvolvido para ter a mesma durabilidade do motor desde que observadas as devidas manutenções recomendadas.
– Verifique regularmente o nível e a qualidade do óleo lubrificante.
– Inspecione as condições do filtro de ar.
– Verifique e limpe mangueiras, conexões e tubulação da linha de lubrificação. Veja se essas peças não estão dobradas, ressecadas ou amassadas.
– Substitua os filtros no prazo indicado.
– Quando trocar o filtro de óleo, encha o novo filtro com óleo novo, instale e gire o motor, sem dar a partida, até o sistema alcançar a pressão ideal. Em seguida, funcione o motor em marcha lenta até a pressão se estabilizar.
Trocar ou não trocar?
Antes de substituir o tubo, destaca Glauco, o técnico deve verificar uma série de itens, para evitar que a peça seja trocada sem necessidade. Vale lembrar que, como os sintomas de falhas do turbo são os mesmos do motor, é necessário que se faça uma checagem no sistema motor-turbo e solucione os eventuais problemas do motor antes da remoção do turbo. “Tome cuidado para não trocar um turbo que está em bom estado, pois muitos recondicionadores agem de má-fé. Eles lavam a peça descartada e a vendem depois, como recondicionada”, alerta Glauco.
No check list que o técnico deve fazer no turbo inclui a inspeção visual do turboalimentador, do rotor da turbina e da carcaça, do rotor do compressor da carcaça e quanto a folgas e ruídos. Verifique o estado de parafusos e porcas, encaixe de conexões, as condições das tubulações e da carcaça e quanto a vazamentos de óleo lubrificante.
O estado das mangueiras de admissão de ar, filtro de ar, tubulação de escape de gases, dutos de entrada e saída de óleo, filtro de óleo, óleo do cárter, lacre da bomba injetora e a condição de funcionamento do motor devem ser checados, além de danos causados por objetos estranhos.
“Nos caminhões mais antigos precisa verificar se o respiro do motor não está entupido, pois isso aumenta a pressão do cárter, impedindo o óleo de retornar, causando vazamento pela carcaça do turbo”, completa.
Outra dica de Glauco para motores que foram retificados e não passaram pela lavagem ideal, deixando cavacos de usinagem e restos da cola química utilizada como junta para fechar o motor e na fixação dos selos, que podem contaminar o óleo e comprometer a lubrificação.
Para inspecionar o turbo sem remover a peça, o técnico deve, em primeiro lugar, remover as conexões de entrada e saída dos gases. O próximo passo é checar o estado das palhetas dos rotores e da parte interna do turbo com o auxílio de uma lanterna. Examine as pontas das palhetas e a parte interna em busca de raspagem nas peças. Gire manualmente o conjunto eixo-rotores para checar se há dificuldade de giro ou travamento. Além disso, movimente o eixo para cima e para baixo para ver se não há folga excessiva nos mancais.