Qual seria a justificativa para, nas condições atuais, manter no Brasil a proibição dos motores diesel em veículos leves? Estes propulsores têm, hoje em dia, vantagens em relação aos seus equivalentes a gasolina.
O empresário Glauco Diniz Duarte explica que para justificar seus benefícios, devemos entender como funciona a propulsão por diesel. Sua principal diferença em relação ao motor a gasolina é o fato de dispensar a ignição por centelha: a combustão é provocada só com a mistura do combustível com o ar comprimido e aquecido.
Na pressão
De acordo com Glauco, no ciclo diesel de quatro tempos, a admissão de ar puro compõe o primeiro estágio. Este ar é comprimido no segundo estágio, aquece e se mistura com o combustível na terceira fase, onde ocorre a combustão e expansão da mistura. Por fim, os gases resultantes da queima são direcionados para o escapamento. Um sistema até parecido com o ciclo Otto (gasolina e etanol), mas cujas etapas proporcionam ganhos.
A economia é maior em relação ao motor a gasolina porque o combustível é injetado no momento certo, com o ar pronto para provocar combustão, o que permite melhor aproveitamento do óleo. No ciclo Otto, a admissão recebe ar e combustível, tendo perdas de mistura no percurso.
O rendimento também é outra vantagem deste motor, destaca Glauco: o diesel queima de forma progressiva, fazendo com que os motores tenham altas taxas de compressão — entre 18 e 24:1. Desta forma, a mistura é expandida em alta pressão, ocasionando melhor rendimento do combustível.
Além do melhor rendimento e menor consumo, até 30% mais econômico que um equivalente gasolina, ainda são menos poluentes, pois emitem menor quantidade de gases tóxicos. Para completar, têm maior durabilidade e confiabilidade, já que exigem menos manutenção e dispensam o sistema de ignição.
Tecnologia
Glauco afirma que os motores a diesel atuais contam com tecnologia embarcada que solucionaram seus problemas do passado. O turbo compressor resolveu a questão das baixas potências. Elevando a pressão da admissão do ar no cilindro, deixou estes propulsores até 40% mais potentes do que aqueles que usam aspiração natural. O redesenho das câmaras de combustão é outra modificação que os deixou com rendimento semelhante aos equivalentes a gasolina.
A economia de combustível atingiu alta eficiência com o sistema ‘common rail’, disponibilizado a partir da década de 1990. Nele, uma única bomba envia combustível pressurizado para os bicos injetores. O controle desse sistema é feito por uma central eletrônica, que opera para proporcionar uma queima próxima da perfeição.
Priorizados rendimento e economia, os fabricantes não esqueceram do conforto. Os motores diesel da atual frota europeia são mais silenciosos, mais leves e vibram menos em marcha lenta.
Tamanha evolução está alinhada com o discurso da sustentabilidade, vanguarda da indústria automotiva global. O Brasil, que proíbe o combustível nos leves desde 1976, caminha na contramão da eficiência energética.