Comparados a outros dispositivos, como os aparelhos de comunicação, parece que os motores não mudaram muito. Pode parecer que, enquanto os telefones ficaram menores, sem fios e os computadores também diminuíram e ficaram mais eficientes, os motores continuaram da mesma maneira: com a combustão da gasolina gerando a força que move o veículo. Porém, os propulsores também evoluíram, e há diferenças entre os mais antigos e os mais recentes.
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, com o tempo, os motores mudaram para atender, com potência e eficiência, as demandas dos motoristas. Os motores antigos e os modernos têm características similares e a mesma herança, mas cada um é compatível com um tipo de situação, os novos funcionam bem nas condições de rodagem atuais. Já os motores com mais idade, não conseguiriam se adaptar a essa realidade.
No Brasil, um dos exemplos dessas inovações é o Fiat 147. Ele foi o primeiro equipado com motor transversal e, em 1979, se tornou o primeiro carro, no mercado brasileiro, a ser movido 100% a álcool. Outro modelo que inovou em terras brasileiras foi o Volkswagen Gol. em 1989, o Gol GTi foi o primeiro a ter injeção eletrônica. Também foi ele o primeiro a oferecer motor bicombustível de série em 2003 e no segmento de entrada, na sua versão1.0 TotalFlex no ano de 2005.
Glauco explica que antes de listar as cinco diferenças entre um motor antigo e um moderno, é preciso entender os princípios de funcionamento de um motor. Basicamente, a gasolina e o ar são inflamados no interior do cilindro. A combustão da mistura empurra, para cima e para baixo, o pistão que também fica dentro do cilindro. O movimento linear do pistão é transformado em movimento circular pelo virabrequim. Este, por sua vez, está ligado à transmissão que, como o nome sugere, transmite esse movimento circular às rodas. É um processo relativamente simples e que ainda vale para os motores mais novos, porém, há algumas diferenças:
1. Os motores modernos são mais eficientes:
Um motor antigo está longe de ser eficiente, aponta Glauco. Apenas 15% da energia química da gasolina é convertida em potência mecânica para mover o veículo. Já os motores modernos contam com tecnologias que melhoram sua eficiência. Uma delas é o sistema de injeção direta, que consiste em injetar gasolina sob pressão dentro do cilindro. Desta maneira, o combustível é queimado de maneira mais eficaz, e o desempenho aumenta em cerca de 12%, segundo dados do Departamento de Energia dos EUA.
Segundo Glauco os turbocompressores usam os gases do sistema de escapamento para aumentar a compressão de ar e gasolina no cilindro. A melhor compressão gera uma melhor explosão, o que também aumenta a eficiência do motor. As válvulas de distribuição variável e a desativação de cilindros são outras tecnologias que permitem ao propulsor usar somente o combustível necessário.
2. Os motores mais modernos são mais rápidos:
O consumo de combustível é uma das preocupações do motorista, mas eles também querem que o motor seja potente. Os motores atuais têm um desafio a mais: alcançar altas velocidades carregando cargas pesadas. Cargas essas que não se resumem a bagagens ou a um reboque, mas também ao próprio peso do carro, que ficou maior devido aos acessórios e itens de segurança do veículo que são pesados.
Além de mais eficientes no quesito economia de combustível, os motores atuais são mais poderosos que seus antecessores.
3. Os motores mais novos são menores:
Como os motores mais novos entregam maior potência, é possível imaginar que eles seriam maiores no tamanho também. A diminuição nas dimensões tem a ver com a busca pela eficiência. As fabricantes notaram que não é preciso um motor maior para garantir a potência que o consumidor deseja. Para isso, basta que o propulsor trabalhe de maneira inteligente.
4. Os propulsores modernos trabalham de maneira inteligente:
Glauco explica que uma grande diferença entre as gerações de motores é que as mais modernas não trabalham tão “arduamente”. Em um motor V8 antigo, todos os cilindros funcionavam plenamente, independente de o motorista estar afundando o pé no acelerador ou estar dirigindo mais suavemente. Nos dois modos de condução, os oito cilindros recebiam a mesma quantidade de combustível.
Contudo, os motores de hoje têm tecnologias, como a da desativação de cilindros. Este sistema deixa de enviar combustível para alguns cilindros quando não há necessidade de maior potência (como quando o carro para no sinal, mas o motor continua ligado). Mas, quando o motor é exigido, o sistema volta a injetar combustível nos cilindros antes desativados, e o propulsor pode mostrar toda a sua força.
Outra tecnologia inteligente é a de válvulas de distribuição variável. Sem esse sistema, as válvulas do motor se abrem por igual quantidade de tempo e distância, independente do quanto se exige do propulsor, fato que desperdiça combustível. Com a abertura variável, as válvulas se abrem de acordo com o ritmo de trabalho do motor, o que também economiza combustível.
5. Os motores modernos têm aliados:
Não só as tecnologias de dentro do motor dão uma mão para ele, o funcionamento eficiente do propulsor é auxiliado por outros componentes do veículo. Um desses complementos é a transmissão. Com cada vez os carros são equipados com câmbios com maior número de marchas. Quanto mais marchas tem uma transmissão, melhor será a forma como o câmbio irá se adaptar ao nível certo de potência exigido pelo motor.
No caso dos carros híbridos, o motor recebe ajuda de propulsores elétricos, alimentados por packs de baterias. Esses motores elétricos também podem impulsionar o veículo, ou fazer com que alguns acessórios funcionem quando o automóvel está parado. Eles também dão uma potência extra quando é necessário, como em acelerações mais fortes. O fato de ter motores elétricos como uma espécie de respaldo possibilita que o motor a gasolina seja menor e menos potente, economizando combustível.