GLAUCO DINIZ DUARTE – Sem água, Nordeste bate recordes de produção de energia eólica
Com reservatórios de água em níveis críticos, o Nordeste brasileiro está vivendo de vento. Desde abril, a energia eólica, produzida pela capacidade dos ventos em girar gigantes aerogeradores, é a principal fonte de geração naquele subsistema, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Além de bater recordes consecutivos este ano, a produção eólica, em outubro, superou a soma dos megawatts (MW) médios gerados por todos os demais tipos de usina, considerando, inclusive, a importação de eletricidade. Na sexta-feira, assegurou 52,6% da geração total do Nordeste.
O salto da capacidade instalada das usinas eólicas no país é gigantesco. Pulou de 935,4MW em 2010 para 12.966MW em 2017 e alcançará 17.452MW em 2020, considerando o que já foi contratado em leilões: 1.772% de aumento em uma década. Como grande parte das usinas está concentrada no Nordeste, região que mais sofre com reservatórios de água em níveis críticos, de apenas 8,72% da capacidade total, os ventos garantiram a carga (consumo mais as perdas do sistema) diária na região.
Em plena “safra”, ou seja, o período do ano em que os ventos produzem os melhores resultados, as usinas eólicas chegaram a abastecer 64% da alta demanda de um dia útil. Feito considerado extraordinário pela Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Nos fins de semana, quando o consumo total é menor, a energia dos ventos atende, normalmente, 71% da demanda. Em 10 de setembro, entretanto, supriu 84% do consumo no momento de pico, às 9h13.
“Esses dados mostram a força de um setor que está em franco crescimento. A geração de eólica vem ganhando uma importância cada vez maior e tem inclusive sido a salvação do Nordeste devido ao baixo nível dos reservatórios da região”, afirma Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica. Ela explica que os ventos para geração de energia devem ser rápidos e constantes, porém sem rajadas, mantendo-se unidirecionais. Isso porque toda vez que o vento muda de direção as pás são ajustadas. Portanto, quanto mais constante o vento, menos ajustes serão feitos e o equipamento terá um rendimento maior.
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