GLAUCO DINIZ DUARTE Usinas fotovoltaicas ganham espaço em Minas Gerais
Ao descobrir o efeito fotovoltaico, em 1839, talvez o francês Alexandre-Edmond Becquerel não tenha imaginado que o fenômeno que permite a conversão da luz solar em eletricidade fosse se tornar tão importante para a agricultura no século 21. Pois a instalação de microusinas fotovoltaicas vem ganhando força como uma forma mais barata e sustentável de garantir a geração de energia. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), existem atualmente em Minas Gerais 35 empreendimentos rurais com mini ou microusinas. E esse número pode crescer ainda mais: a Agência de Desenvolvimento do Norte de Minas (Adenor) já identificou outras 120 áreas aptas para instalação dessas usinas.
Com o sol intenso, especialmente entre abril e outubro, o Norte de Minas tem tudo para se firmar como o maior produtor de energia alternativa em Minas Gerais. Em cinco municípios da região já há propriedades com o sistema fotovoltaico: Manga, Augusto de Lima, Capitão Enéas, Francisco Sá e Montes Claros. O agricultor Edvaldo Lopo Alkimim é um dos que já se convenceram dos benefícios da energia alternativa: há três meses ele inaugurou a primeira microusina remota de Minas Gerais, capaz de gerar de energia 71,50 Kwp/hora.
Por enquanto, a energia gerada é destinada ao consumo da padaria que ele tem em Manga, Norte de Minas. Como adotou o sistema solar interligado à rede (o chamado on grid), a energia gerada volta para a rede elétrica e vira crédito com a operadora local. Com isso, ele já está economizando entre R$ 7 mil e R$ 8 mil mensais com a conta de luz que pagava pelo consumo na padaria. “Eu gastei um ano para tomar a decisão de instalar a usina, só fazendo contas. Mas hoje tenho a certeza de que valeu a pena e estou me sentindo realizado”, comemora o produtor. O projeto custou R$ 500 mil e foi implementado em 15 dias por uma empresa espanhola. O dinheiro veio de um financiamento para pagamento em sete anos.
O resultado foi tão bom que para o ano que vem Edvaldo Lopo tem planos de instalar outra microusina para atender ao consumo da Fazenda Vista Alegre – uma área de 110 hectares que tem a produção de leite como a principal atividade. “Estou considerando que é um investimento seguro e muito interessante do ponto de vista econômico, sem falar no meio ambiente”, diz ele.
POTENCIAL De fato, a economia gerada com a conta de luz é um grande atrativo para os agricultores. “Se o produtor tem condições de fazer essa geração distribuída de energia, criando um sistema de autossuprimento, é interessante porque ele reduz custos e ainda aproveita recursos disponíveis”, diz Ana Paula Mello, coordenadora de Meio Ambiente da Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg). “A energia solar tem um potencial grande no país, temos sol praticamente o ano inteiro, e a tecnologia vem ganhando mais força recentemente”, afirma Ana Paula Mello.