GLAUCO DINIZ DUARTE Em apenas 6 meses, Brasil dobrou o número de instalações solares
Aos poucos, a energia solar começa a decolar no Brasil. Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que o país concluiu, em abril, a instalação e conexão de mais de 10 mil painéis solares de microgeração de energia. Juntos, eles geram 112 megawatts. Ainda é pouco – basta lembrar que a eólica adicionou à rede, só no ano passado, 2.000 megawatts. Mas mostra que a indústria de energia solar está crescendo. Em outubro de 2016, por exemplo, o país tinha apenas 5 mil painéis solares na rede. Ou seja, o número de instalações dobrou em seis meses.
O crescimento da energia solar no Brasil acontece quase que exclusivamente na modalidade de microgeração de energia. Isso significa que o país não está instalando grandes usinas centralizadas de energia solar, como faz com outras fontes de energia. Em vez disso, uma regulamentação aprovada em 2012 permite que o próprio consumidor instale, no telhado de sua casa, um painel solar e o conecte na rede de energia, trocando sua eletricidade por descontos e compensação na conta de luz.
Segundo Rodolfo de Sousa Pinto, presidente da ENGIE Solar, uma das empresas que trabalham no setor, o avanço da solar deveria ter sido ainda maior no último ano. Tudo estava no lugar certo: já há tecnologia, estrutura normativa e mercado. O que atrapalhou foi a crise econômica. “Quando acontece uma recessão tão forte quanto a nossa, qualquer um pensa duas vezes antes de fazer um investimento. No caso da solar, é preciso fazer um desembolso inicial. A crise reduz o número de pessoas que têm capacidade de fazer esse aporte.” O preço de um painel solar varia, dependendo do local e do tamanho do telhado. Pode chegar, em alguns casos, a até R$ 25 mil, e ainda não há bons instrumentos financeiros para permitir que famílias ou comerciantes financiem esse valor.
Se a indústria solar está crescendo mesmo com uma perspectiva econômica difícil, a expectativa para médio e longo prazo é ainda mais otimista. O custo de instalar painéis deve cair com o ganho de escala, estimulando novas instalações. Segundo uma estimativa da área de Regulação dos Serviços de Distribuição de Aneel, a microgeração distribuída deverá atingir a marca de 1,2 milhão de instalações em 2024. Um milhão de famílias e comerciantes brasileiros usufruindo de energia limpa e barata.