Glauco Diniz Duarte – porque energia solar é renovavel
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o mercado brasileiro de energia elétrica possui mais de 82 milhões de consumidores, divididos entre residenciais, industriais e comerciais – de acordo com a pesquisa energética brasileira vinculada ao Ministério de Minas e Energia. A base do mercado brasileiro ainda é muito residencial, mas o maior consumo de energia do Brasil se dá pela indústria.
A matriz energética do país é ligada à matriz hidráulica, se tratando de 63% da fonte de energia do Brasil. Outros tipos de energia representam muito pouco, como as energias renováveis que não se relacionam com à hidráulica.
Em 2015, 34,4% da matriz Européia se resumiram a energias renováveis não-hidráulicas. Na América do Sul, apenas 6,3% de energia renovável é não-hidráulica. É importante ressaltar que a energia hidráulica das usinas hidrelétricas também é considerada uma energia renovável, então, quando tratamos desse aspecto, nossa matriz é muito boa se comparada com o restante do mundo. No entanto, temos uma base muito fraca de energia solar fotovoltaica.
O Brasil tem grande potencial de gerar energia fotovoltaica
A energia solar fotovoltaica é a energia elétrica gerada pelos conhecidos painéis solares. O Brasil tem uma excelente capacidade de geração de energia fotovoltaica e aproveita muito pouco essa matriz. Já a Europa, que tem um potencial muito menor, aproveita muito mais esse tipo de energia. No nosso país, é possível ter sistemas mais descentralizados tanto de energia solar quanto de energia eólica, onde teríamos investimentos menores para levar a energia até os lugares necessários.
Fazendo um comparativo entre a Alemanha e Brasil, 95% da energia da Alemanha é renovável. No Brasil, esse número cai para apenas 71%. A nossa energia renovável tem um foco maior na produção hidráulica, que tem um custo de construção muito alto e é dominado por grandes concessionárias. Nós temos um parque de energia eólica crescente, mas um parque de energia solar muito pequeno.
Enquanto na Alemanha 45% do abastecimento é por meio da energia solar, no Brasil nós produzimos apenas 0,8%. Há grande potencial de crescimento nessa linha, que pode gerar uma redução de custos para as empresas.
Como pagar menos na conta de luz da minha empresa?
A conta de luz é um gasto que incomoda qualquer pessoa ou empresa. Ao analisarmos sobre o segmento de energia, é bastante claro que o acesso ao fornecimento e a sua qualidade são determinantes em estabelecer um padrão de vida na sociedade.
O fator mais importante quando abordamos essa questão da energética é a dependência que vai nos acompanhar cada vez mais ao longo do tempo, tanto na vida dos usuários residenciais, quanto na vida empresarial, que sempre carece da necessidade de redução de custos.
No Brasil, grande parte da energia gerada vem das usinas – como, por exemplo, a de Itaipu. Essas usinas geram uma grande quantidade de energia que é enviada até próximo do ponto de consumo pelas linhas de transmissão, chega até as subestações e é repassada pelas redes de distribuição, os famosos postes de rua, levando a energia até os pontos de consumo.
Hoje, no Brasil, a geração distribuída é de 660 MW (megawatts) e a capacidade de geração total é de 160 GW (gigawatts), ou seja, a geração distribuída hoje é de aproximadamente 0,4% da energia total do país, uma porcentagem muito pequena. Voltando ao exemplo da Alemanha, 40% da energia gerada está nas mãos dos consumidores. Além disso, na Austrália, das 9 milhões de unidades consumidoras, 1,2 milhão gera sua própria energia.
Recentemente, foi sancionada uma lei na Califórnia determinando que, a partir de 2022, todas as construções precisarão ter a geração de energia sustentável. O único caminho para a sustentabilidade energética é o uso das fontes alternativas de energia. Entre as opções de autogeração, a energia solar é a mais viável economicamente, já que pode ser captada de qualquer lugar que tenha sol e pode ser integrada a construções já existentes sem exigir uma mão de obra separada.
O que é geração e distribuição de energia?
A geração distribuída nada mais é do que a transferência da atividade de geração de energia das grandes centrais produtoras para os consumidores finais. Em abril de 2012, entrou em vigor no Brasil a Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL, que permite ao consumidor gerar a própria energia a partir de fontes renováveis, criando a oportunidade de inovação tecnológica na economia financeira para a melhoria da consciência ambiental e a autossustentabilidade. Com isso, foi criado também um sistema de compensação que tem a ver com os créditos de energias disponibilizados quando o cliente gera a sua própria energia.
Uma unidade consumidora que começa a produzir a sua própria energia pode ser enquadrada em dois tipos de geração: a microgeração, ou seja, estruturas de geração que têm um tamanho de até 75 KW pico (unidade que mede a geração de quilowatts de determinada estrutura) que é uma referência de quem gasta mais ou menos R$ 8 mil de conta de luz. Para quem gastar acima de 75 KW até 5 MW, essa qualificação passa para minigeração. Acima disso, já é classificado como usina.
Posteriormente, houve uma atualização. A Resolução Normativa nº 687/2015 incrementou a atratividade pela geração distribuída devido a algumas melhorias na regulamentação. Uma delas é o aumento do tempo que o consumidor pode aproveitar os créditos de energia: de 36 para 60 meses.
Outro avanço foi que a ANEEL determinou regras para a geração remota, quando um titular de uma unidade consumidora tem outras unidades consumidoras no seu nome dentro da mesma área de concessão. A regulamentação da geração compartilhada também é uma melhoria relevante, que ocorre quando há diversos titulares diferentes que podem compartilhar a energia produzida por uma única estrutura de geração.
Como produzir energia solar fotovoltaica?
Para que a estrutura de geração seja homologada, é preciso que haja um trabalho em comunhão com a concessionária. Ao instalar painéis fotovoltaicos no teto de uma empresa, por exemplo, as estruturas captam a luz solar e geram uma energia elétrica em corrente contínua. Transformada em corrente alternada, em seguida, pode ser usada nos equipamentos elétricos dentro daquela unidade consumidora.
No momento em que a unidade consumidora está gerando uma energia superior à energia consumida, o excedente é jogado na rede e passa a procurar os equipamentos para ser consumido. Caso não encontre, é novamente jogado na rede gerando créditos de energia.
Atualmente existem regras que proíbem que os créditos sejam convertidos em dinheiro. Porém, eles podem ser usados para abater o limite dos créditos que tiverem acumulados e o consumo futuro em até 60 meses depois da geração do crédito.
O mundo todo está pensando fortemente na energia renovável, obter energia através da queima de combustíveis fósseis já não faz mais sentido. A geração distribuída tem chamado muita atenção devido à convergência entre a questão econômica e a sustentabilidade. Hoje, se faz necessário ser ambientalmente correto, principalmente quando existe um retorno razoável do ponto de vista econômico e socioambiental.