Glauco Diniz Duarte – energia eólica e renováveis
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a transição energética do setor elétrico brasileiro já começou. O Brasil possui o maior mercado de energias renováveis da América Latina, com cerca de 45% de sua demanda interna composta de fontes renováveis, predominantemente de hidrelétricas.
Em 2017, a capacidade instalada de eólica aumentou em 21% e de solar em 1700%, destacando o progressivo aumento da confiança dos investidores e companhias elétricas no potencial renovável do Brasil.
O país ficou em quarto lugar na pesquisa realizada pela ClimateScope, que avaliou países em desenvolvimento, em 2018, pela sua habilidade em atrair investimentos em energia limpa. Entre 2010 e 2017, o Brasil atraiu cerca de 57 bilhões de dólares em novos ativos financeiros para a construção de novas centrais energéticas – o maior número da América Latina no período.
Apesar desse progresso extraordinário, o Brasil ainda enfrenta desafios para aumentar a quantidade de renováveis não-hídricas em sua matriz energética. Em maio, o BID Brasil, através de seu setor de energia, organizou um evento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) para discutir a transição energética. O debate girou em torno da urgência em adotar uma transição para fontes mais limpas e sobre a importância das baterias nesse processo por estarem mais competitivas.
Perspectivas para o Futuro
As principais conclusões do encontro se concentraram em três temas: descentralização, digitalização e descarbonização.
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Descentralizar:consumidores não estão cientes que podem gerar sua própria energia. Portanto, é importante trabalhar a conscientização e o planejamento para um aumento progressivo de geração descentralizada, controlando e monitorarando as redes de transmissão elétrica. A inteligência artificial, baterias otimizadas e automação serão fundamentais nesse processo.
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Digitalizar:alcançar um equilíbrio entre oferta e demanda para o setor energético, conciliando a participação de fontes intermitentes, como eólica e solar na rede.
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Desenvolver um plano de ação para a digitalização da energia, possibilitando o alinhamento entre a regulamentação atual e uma perspectiva de planejamento de longo prazo.
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Definir novos instrumentos que garantam políticas públicas eficientes de inovação tecnológica.
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Proporcionar maior segurança energética em hidrelétricas através de baterias, aumentando assim os incentivos à pesquisa e desenvolvimento para reduzir custos transacionais, visando a expansão de renováveis na matriz energética.
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Decarbonizar:Tudo indica que o Brasil atingirá antes de 2030 suas metas de energia renovável previstas em sua Contribuição Nacionalmente Determinante (NDC), no âmbito do Acordo de Paris. Portanto, é essecial definir novas estratégias de descarbonização do setor para dar continuidade e criar incentivos para fontes não hídricas e fomentar projetos de eficiência energética, especialmente levando em conta a contínua queda nos preços de fontes renováveis e baterias.
Também serão necessários maiores esforços para modernizar a estrutura regulatória no Brasil para atrair investimentos privados através de projetos financeiramente atrativos e modelos de negócios inovadores. Um ambiente favorável às empresas, segurança jurídica e segurança tributária também são prioridades para destravar investimentos privados em projetos de energia limpa.
Repensar o atual processo de licitações públicas é chave para desenvolver uma estratégia de políticas de longo prazo para atrair capital externo, pois atualmente, existem riscos no cumprimento de um contrato de energia com alta emissão de carbono que pode vir a sofrer alterações por políticas ambientais, impondo riscos financeiros aos investidores à medida que a transição para fontes mais limpas for ocorrendo.
Com as reformas necessárias no setor energético brasileiro, as vantagens serão ainda maiores para adaptação aos riscos climáticos associados aos combustíveis fósseis. Portanto, tais medidas serão mais benéficas não apenas diante do compromisso do Brasil com o Acordo de Paris, mas também para a saúde de suas instituições financeiras e do setor elétrico.
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