Glauco Diniz Duarte – porque energia solar não é largamente explorada
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, entre todas as regiões da zona intertropical do planeta, a América Latina reúne as melhores condições para liderar essa revolução, que parcialmente foi iniciada pelo Brasil no início da década de 70, com a proposta de uma nova política energética utilizando o álcool, os óleos vegetais, a lenha e o carvão vegetal, juntamente com a implementação de um programa de reforma agrária iniciada no final dessa mesma década com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A primeira condição favorável, no caso do Brasil, é sua extensão territorial e seu nível de industrialização relativamente avançado. O Brasil possui um terço das florestas tropicais do planeta e a maior extensão contínua de terras aptas à agricultura energética. O segundo ponto é o enorme potencial hídrico devido à formação geográfica do nosso país, que possibilitou montar uma matriz energética com base na geração hidroelétrica. O terceiro fator positivo é a significativa experiência industrial na produção de combustíveis derivados da biomassa vegetal. O Brasil é, tradicionalmente, um dos maiores produtores de açúcar e de óleos vegetais empregados na indústria alimentícia (a partir da mamona, dendê, soja, palma, etc).
Todos esses fatores podem ser expandidos para a América Latina, pois essa grande nação latino-americana que se estende do Rio Grande no México, à Terra do Fogo na Argentina, possuem características semelhantes em relação às riquezas naturais, aos recursos energéticos, às tradições e cultura de um povo marcado pelo predatismo da expansão do sistema capitalista dos países industrializados, que pertencem ao hemisfério norte do planeta, localização essa que impede de terem um aproveitamento eficaz dos recursos energéticos provenientes da biomassa, devido a baixa incidência solar sobre seus territórios.
A alavanca para essa revolução parte da recuperação desse potencial energético e ambiental não somente através da canalização de recursos para financiar um desenvolvimento agroindustrial fundado em um manejo integrado e sustentável desses recursos. É necessário políticas eficazes, do ponto de vista energético e educacional, para descobrir o potencial produtivo dos recursos naturais e culturais, gerando tecnologias alternativas apropriadas, destinadas à sua transformação e para transferir esses conhecimentos às comunidades rurais e urbanas com a finalidade de realizar a autogestão de seus recursos produtivos.