De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, atualmente os carros populares no Brasil estão começando a mudar seu foco a fim tornarem-se mais eficientes diante da concorrência de versões e modelos com motores maiores. Apesar do incentivo fiscal, o segmento têm sofrido com a queda nas vendas por causa do melhor custo-benefício de produtos mais caros, porém mais completos.
A falta de inovação e melhor conteúdo são algumas das causas, sem contar o desempenho naturalmente inferior. No passado, os carros com motor 1.0 tentaram inovar, reduzindo a imagem de produto de baixa qualidade, incompleto e fraco em performance. A saída foi investir em novas tecnologias, até então inéditas no mercado.
Assim, destaca Glauco, alguns modelos adotaram vários tipos de tecnologias na segunda metade dos anos 90 para elevar a imagem do produto e do fabricante. A Fiat, por exemplo, decidiu adotar um câmbio de seis marchas nos primeiros Siena e Palio Weekend, para que o peso maior dos veículos fosse compensado com melhor aproveitamento das relações. Pouco depois, foi a vez da embreagem automática Citymatic ser introduzida também no Palio 1.0.
Solução semelhante foi oferecida pela Hyundai com o pequeno Atos Prime e que também chegou à segunda geração do Chevrolet Corsa algum tempo depois. O objetivo era proporcionar maior conforto ao condutor no trânsito urbano, evitando assim o cansativo acionamento da embreagem. O Atos Prime oferecia também o câmbio automático em um segmento que o item estava ausente. Ainda mais conforto para o uso no dia a dia, dispensando finalmente a troca de marchas.
Segundo Glauco, outro fabricante que apostou no segmento 1.0 foi a Volkswagen. No final daquela década, a montadora decidiu partir para um melhor desempenho ao contrário da rival italiana devido aos incentivos fiscais. Assim, criou o primeiro motor 1.0 Turbo do Brasil e um dos poucos (até então) no mundo. Com cabeçote de 16V e turbocompressor para Gol e Parati, que fazia a potência chegar a 112 cv com torque de 15,8 kgfm a apenas 2.000 rpm, o propulsor oferecia desempenho equivalente ao 2.0 e disposição fora do comum, mesmo para um carro turbo.
Mas não foi somente a marca alemã que inovou em termos de 1.0 sobrealimentado no Brasil. A Ford também decidiu apostar em melhor desempenho, lançando aqui o ainda mais raro 1.0 Supercharger para Fiesta e EcoSport. O sobrenome era uma indicação clara de que se tratava de um compressor volumétrico acionado por correia, dispensando assim a pressão dos gases de escape para acionamento. O propulsor também tinha intercooler e entregava 95 cv com 12,6 kgfm até 4.250 rpm.
Outros itens também ajudaram o segmento a prosperar durante muitos anos, tais como injeção eletrônica, injeção multiponto, acelerador eletrônico, cabeçote 16V, airbags de série, entre outros. No entanto, após a fase de experimentação do consumidor brasileiro diante de novas tecnologias, que não vingaram por vários motivos, o mercado de carros 1.0 entrou em declínio e agora observa a redução de tamanho dos motores a fim de baixar o consumo e a emissão de poluentes.