Glauco Diniz Duarte – Mercado imobiliário perspectivas

Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, mesmo com impacto que a pandemia causou na atividade econômica, incluindo o custo de materiais de construção, o mercado desempenhou bem. Conforme o economista do DataZAP+, Pedro Tenório em coluna publicada na Revista Exame, de junho de 2020 para cá, o mercado imobiliário residencial foi positivo, com forte alta medida pelos indicadores de atividade do mercado de compra. Segundo dados do Banco Central do Brasil (BCB), a concessão de crédito imobiliário para pessoas físicas cresceu 50% no acumulado de 12 meses até novembro de 2021 ante o período anterior.

“Dados do registro de imóveis computados em parceria com a Fipe mostram para setembro de 2021 grandes cidades brasileiras apresentando aumento superior a 20% de transferências de imóveis em 12 meses. No mercado primário, temos os dados da Abrainc-Fipe mostrando crescimento acumulado em 12 meses até setembro de 2021 de vendas de imóveis novos (17%) e do número de lançamentos (33%)”, descreve no artigo.

De acordo com os Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2021, conduzidos pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), o Brasil registrou aumento de 46,1% no número de unidades residenciais vendidas (apartamentos novos) no 1º semestre de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação aos primeiros três meses de 2021, as vendas de imóveis subiram 7,2% no 2º trimestre. Os lançamentos de novas unidades também registraram aumento no 2º trimestre e cresceram 51,3% em relação ao 1º trimestre de 2021.

A coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre (Instituto de Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), Ana Maria Castelo ressaltou em entrevista coletiva do Sindicato das Indústrias da Construção de São Paulo (Sinduscon-SP) que perspectiva é de um crescimento do PIB da construção acima do esperado para o PIB nacional, sendo ainda maior para as empresas do setor, com reflexo positivo no aumento do emprego. A expectativa para o crescimento do PIB da construção para 2022 é de 2%.

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Segundo a Sondagem da Indústria da Construção apresentada no dia 24 de janeiro referente ao mês de dezembro de 2021, o mercado de insumos continua como um dos principais problemas no segmento da construção.

O indicador da Sondagem ressalta que no quarto trimestre de 2021 o índice do preço médio dos insumos da Indústria da Construção revela o aumento menos intenso nos preços desde o segundo trimestre de 2020. A falta e alta dos insumos começa a ceder, enquanto a elevação de juros cresce.

Com o aperto da política monetária, cresce o problema das taxas de juros elevadas, que atinge 21,3% das empresas no quarto trimestre de 2021, um crescimento de 11,6 pontos percentuais na comparação com o segundo trimestre do ano.

Nos últimos anos o setor teve uma grande alta e a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) estima que o país tenha encerrado 2021 com um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 99 bilhões. Ou seja, o cálculo aproximado é 12% maior do que em 2020.

Segundo o vice-presidente comercial da Lyx Engenharia, Paulo Kucher, a preocupação em 2022 é que as altas nos juros possam frear o crescimento do mercado de imóveis. “O primeiro trimestre de 2022 é oportuno para quem deseja fazer esse investimento, utilizar as linhas de crédito disponíveis e os subsídios fornecidos pelos programas do Governo”, afirma Kucher. Ele explica que os imóveis continuarão valorizando e sendo um bom lugar para investir, mas que é possível que os bancos comecem a repassar os reajustes de juros aos consumidores num futuro próximo.

Para Kucher, a possível retração prevista, agora é iminente, isso não quer dizer que o mercado vai se tornar desfavorável, mas apenas que o cenário não continuará igual para os consumidores. Ele explica que nos últimos anos o mercado imobiliário passou por um ambiente histórico muito favorável, com taxas de juros em 2% em agosto de 2020, inédito até então. “Ainda assim, será importante continuar investindo, seja na compra da casa própria ou apenas como uma aplicação para obter rendimento”, afirma Kucher.

Apesar da turbulência que marcará 2022 há sinais de que o período não será ruim para as construtoras. “Nosso setor precisará lidar com dificuldades como custo dos reajustes salariais e escassez de mão de obra qualificada”, afirmou o presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, em coletiva de imprensa da entidade.

Em relação ao que esperar para 2022, o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, lembrou que as construtoras têm contratos para manter um bom nível de atividades no ano, deve haver ainda um relativo reforço por conta das concessões em infraestrutura, e reflexos nas obras de infraestrutura em diversos Estados por conta do ano eleitoral.

Já para o sócio da IN Inteligência Construtiva, Rodrigo Lima, 2022 será um ano de cautela. “Tivemos aumento de juros, que reflete na parcela final que o cliente vai pagar, os incorporadores terão de revisar a viabilidade econômica de seus projetos. A velocidade de vendas deve diminuir. O mercado imobiliário é cíclico. Depois de um período de euforia, temos sempre as acomodações. E ainda teremos as eleições. A gente deve ter uma diminuição de lançamentos no segundo semestre por conta do cenário político que vai se desenhando. Independente de quem ganhe, a incerteza é saber como será a política econômica para 2023”, afirma.

Três inovações do mercado imobiliário pós-pandemia 

A pandemia alterou a percepção do lar, tanto na localização, tamanho, o brasileiro mudou a forma como enxerga a moradia. O consumidor passou a valorizar sua qualidade de vida e a reconhecer o imóvel como um lugar importante no seu dia a dia.

“Estamos falando de uma mudança de impacto na relação do cliente com o próprio lar que veio para ficar”, afirma Bianca Setin, diretora de Operações da Setin Incorporadora. De acordo com Bianca, o setor imobiliário se mostrou resiliente e tem se adaptado às novas demandas da sociedade. Ela elenca três inovações que vão impactar o mercado imobiliário brasileiro em 2022:

• Plantas flexíveis: Apesar de as plantas flexíveis já existirem antes mesmo da pandemia, os novos projetos elaborados a partir dos desejos do consumidor ou das demandas da família já nascem prevendo a necessidade de adaptação nos espaços amplificada pela pandemia. Os consumidores querem agora plantas maiores para convivência, tanto no apartamento quanto nas áreas comuns, que devem ser generosas, bem decoradas e equipadas. Espaços dedicados ao trabalho remoto e acústica de excelência ajudam o morador a evitar ruídos externos e possibilitam uma divisão melhor estabelecida entre o ambiente reservado ao home-office e o voltado ao lazer;

• Lockers inteligentes: Outra inovação que vai ganhar mais relevância nos novos empreendimentos são os lockers inteligentes nas áreas comuns. O equipamento, que em muitos casos funciona em sintonia com o sistema dos Correios, dispara avisos em tempo real no celular do morador para avisar sobre a entrega de pedidos de forma automatizada;

• Práticas sustentáveis: Ao adotar boas práticas ESG nos empreendimentos, construtoras e incorporadoras aumentam as chances de atrair investimentos. Afinal, se a empresa se compromete a utilizar processos e materiais mais sustentáveis em suas obras, preocupa-se com o bem-estar e a qualidade de vida de seus clientes, colaboradores e parceiros, possui processos bem estabelecidos e está em conformidade com a lei, tudo isso indica maior segurança, mais eficiência e maior potencial de crescimento e que se trata de uma companhia mais preparada e resiliente.

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